.

Esta noite procurei muitas coisas
Rastejei por muitos cantos
Sentei-me sobre pétalas de rosas
Desalinhei notas de música
Roubei a cor azul ao mundo
Espreitei janelas alheias
Acariciei corpos sensuais
Afundei-me em seus suspiros
Subi e desci ruas fictícias
Naveguei por rios sem margens
Perdi-me entre sombras disformes
Enganei os minutos do tempo
Inverti o sentido das coisas
Li versos envenenados
Deitei-me sobre o meu próprio pesadelo...

Só não consegui rasgar a noite
quando o desejo acendeu o teu corpo
com luz de uma hora prometida!...

Clarice sob os escombros.

"Sexta-feira. Mais uma sexta-feira. Ou segunda?Não sei. Tanto faz.O que importa. É só que estou sozinha mais uma vez.Não quero ir pra casa. Não me quero mais.Tá tudo assim vazio. A casa. O coração...Mais isso nada mais é. Do que uma opção.Vivo no perecível! Tudo tem início e fim.Me divirto com o que posso e me distraio quando devo.O coração feito pedra. Não entra nada. Nem ar.Rimas fáceis? Prazeres mais fáceis ainda!Um gole. Um corpo. Outro gole. Outro corpo.'Tudo o que não presta, sempre me interessou muito..'Já dizia Clarice..E permaneço. Sempre no perecível!Não resistindo a tentações.Meus impulsos? Maiores que eu!!O trânsito para, calor maldito...Quero um gole. Um cigarro. Minhas fugas.. Muletas!!Tô acostumada...Qualquer coisa que me tire de mim.Mas não importa, to chegando em casa mesmo..Não desviei. Não passei no bar.Não liguei pra ninguém... não quero. Não me quero.Tudo. Pra fugir de mim.Chego em casa. Acendo um cigarro.Whisky? Cerveja? Apelo pro mais forte.Doors na vitrola.Relaxo. Respiro..Ah.. a liberdade não tem preço mesmo.Fujo de mim, mais sempre.. eu digo SEMPRE.Me encontro em mim." 11/2009